terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Solidão de nossos tempos


Há um tempo atrás, eu vi uma matéria um tanto quanto curiosa, em que mostrava um japonês que era apaixonado por seu travesseiro. O travesseiro em questão era estampado com uma personagem de mangá (histórias em quadrinhos de origem japonesa).

O dito cujo, anda para onde for com seu travesseiro de 1 metro, inclusive leva para jantar, pedindo mesa para dois, viaja, colocando o travesseiro no banco do carona de seu carro, como se fosse uma namorada de verdade.

Esse homem deu uma entrevista para a rede britânica de televisão BBC, dizendo que se apaixonou pelo travesseiro, pelo fato de não amar e não ser amado por nenhuma mulher de verdade. Disse que devido à solidão, se apaixonou pelo seu travesseiro, pois ao lado de seu travesseiro se sentia bem, se sentia reconfortado. Isso tudo aconteceu devido a solidão.

A solidão é um dos males que assombra as pessoas nos dias de hoje, a carência afetiva se evidência cada vez mais, a cada ano que passa as pessoas estão mais carentes, mais sozinhas em si. Quanto mais criam ferramentas, atalhos para diminuírem a distancia um do outro, mais nos sentimos sozinhos.

Conheço muitas pessoas que mantém um relacionamento frustrado, para não ficar só, o medo da solidão faz suportar dormir ao lado de alguém que não se ama. É por esse motivo que muitos relacionamentos começam e pelo mesmo motivo que não terminam. Tudo pela dependência de ter alguém ao nosso lado, o medo de ficar só.

Muitas pessoas tentam de todos os modos conquistarem o amor de alguém, mesmo sabendo que nunca irá conseguir tal reciprocidade de seu amor.

Nunca devemos forçar alguém a nos amar, nem sentir culpa pelo fato de não termos conquistado o amor da pessoa desejada. O amor é um sentimento natural, que vem derrepente, num rompante de desejo, ou vem com o tempo, ou simplesmente não vem.

O amor de um jamais irá suprir a falta de amor do outro. Posso dizer “Eu te amo” para a pessoa amada, mas jamais exigir que o outro também o diga com a mesma intensidade e com a mesma sinceridade. O amor só cresce e florece à sombra de outro amor, nunca vingará na ausência de tal sentimento. Você pode possuir o corpo, mas jamais o espírito da pessoa que se ama.

É frustrante amar por toda uma vida o vazio, um espelho onde só é possível ver o seu próprio amor refletido. Se tal feito for vivido, com certeza é uma experiência dolorosa, onde não vale a pena tal sacrifício.

Dentre os meus relacionamentos efêmeros, já tive oportunidades de ver algumas demonstrações de mulheres que se diziam apaixonadas por mim.

Mas acredito que o motivo de tal sentimento, seja o fato de ver em mim, a figura daquele que iria libertá-las da solidão, pelo fato de num curto espaço de tempo eu ter saciado a carência que sentiam. O fruto de tal sentimento foi à carência e o vazio, a solidão que sentiam dentro de si. Digo isso com conhecimento de causa, pois na minha adolescência, todos os meus amores platônicos, eram fruto da carência que sentia.
Enquanto escrevo esse texto, milhares de pessoas estão enclausuradas em salas de bate-papo, muitas procurando a perfeição que não encontram em si.

Muitas pessoas procuram alguém para andarem mãos dadas, fazer desenhos em nuvens, alguém para dividir as alegrias e as tristezas, procuram alguém em quem confiar, procuram alguém para curar a solidão que sentem.

É possível ter casado, noivado, viver cercado de pessoas, e mesmo assim estar só, a solidão não é o fato de simplesmente estar só, é um estado de espírito que é necessário ser vivido para ser compreendido.

A solidão pode ser algo momentâneo como a alegria e a tristeza. Como pode ser intensa como a paixão, ou duradoura como o amor.

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