sexta-feira, 12 de março de 2010

Saudade de Lurdinha



Olavo estava sozinho em sua cozinha, saboreando o2° copo de whisky, chorando mais uma vez a partida de sua tão amada esposa Lurdinha, que faziam três anos que tinha ido embora com Fonseca seu amigo contador, que conheceu a muitos anos no fórum, onde durante muitos anos trabalhou como escriturário, agora que estava aposentado por tempo de serviço, via as horas de seu dia passar para constatar a inutilidade de sua vida, sem sua querida Lurdinha.

Hoje Olavo valoriza os afazeres domésticos que Lurdinha realizava, hoje andava com suas camisas quase sempre manchadas e abarrotadas, mostrando a dificuldade que ele tinha para passar uma camisa de botão.

Sem contar à saudade que sentia da rabada que só Lurinha sabia fazer, hoje gastava boa parte de sua aposentadoria, no bar do Feitosa, onde sempre comia um picadinho com moela no almoço e que trazia uma quentinha para jantar.

Olavo era feliz e não sabia, hoje era um homem melancólico, triste, amargurado pela falta que Lurdinha fazia em sua vida.

Olhando para aquele copo pela metade de Whisky em sua mão, Olavo pode ver onde errou com Lurdinha, onde que por 20 anos não soube valorizar a mulher que tinha em casa. Uma mulher dedicada, devota, companheira, que sempre esteve ao lado dele, mas que hoje se encontrava nos braços de Fonseca.

Cansado dessa vida miserável, Olavo decide tomar uma atitude radical nessa situação, em um gole só acaba com a dose que restava em seu copo. Levanta em direção ao armário da dispensa e abre em busca daquilo que enfim daria tranqüilidade a seu desespero.

Porém, Olavo leva um susto ao ver sair dela uma barata, com o reflexo que lhe restava, Olavo chuta a barata para o canto da cozinha. Voltando a sua atenção ao que realmente interessava naquele momento: um frasco de racomim.

Seria perfeito, pois somente um veneno de rato para matar outro rato, um rato que foi incapaz de demonstrar o tanto que amava Lurdinha. Agora já era tarde, na verdade passara da hora de dar fim aquele vida de lamúria que já duravam três anos.

Olavo enche mais uma dose de seu Whisky Johnnie Walker Gold Label 18 anos, que ganhou de seu chefe de repartição, quando completou dez anos de casado, onde nunca tinha aberto pois esperava uma ocasião especial, e aquela era a tão sonhada ocasião.

Olavo pega o racomim e despeja em seu whisky e diz:

- Todo castigo para corno é pouco!!!

Quando ia tomar olha para o canto da sala e vê que a barata que ele tinha matado ainda estava viva. Deixou o copo de Whisky em cima da mesa e se aproximou da barata. Agachou-se e pode ver que ela estava de ponta cabeça e mexia suas patas, num movimento irracional para se livrar da morte.

Olavo pode ver o desespero da barata em sobreviver, agonia que sentia pelo fato de não poder se defender nem de fugir, via que ela a barata mesmo sendo um inseto, não se deixava abater pelas dificuldades da vida e acima de tudo queria viver, mesmo sabendo que seria pelo resto de sua vida apenas uma barata.

Nesse momento Olavo, tomou consciência de sua fraqueza e de sua covardia em tentar acabar com sua vida. Olavo desvirou a barata e deixou que seguisse sua vida em paz, guardou o racomim e o Whisky e foi dormir, pois já passava da 23:00.

Texto de autoria de Kadan Cordeiro, registrado em cartório.

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